Adeus


- Então... a terra morre para que uma nova semente possa brotar. É o fim que precisamos colocar em algumas coisas para recormerçarmos. Para que nasça uma semente mais forte, mais bonita, e não importa o quão rigoroso seja o inverno, o quão difícil seja dor de finalizar o ciclo ou o quão escura seja a noite; o sol sempre nasce com a primavera. Como uma nova página, uma nova chance de fazer as coisas darem certo. E não importa o que você já escreveu, se não ficou do seu gosto, ou se a página ficou manchada, a página foi virada e está no ontem. Você não pode parar e ficar lamentando por elas enquanto você tem uma nova página para escrever. Então, o que nos resta é usar nossas experiências para escrever nessa nova página. Se queremos uma página sem manchas, já sabemos que tinta não usar, de que forma não escrever. Assim, cada fase da vida, cada ano, cada dia se torna uma página. Uma nova página em branco chamada de "agora".
 Eu recentemente fiz uma escolha que me fechou um ciclo, uma escolha que me trouxe um inverno doloroso porque abandonar é sempre triste e sempre trás insegurança. Então eu olho para o Philippe eu vejo brotos rompendo a neve. E o meu coração se enche de esperança... e de ansiedade pelas flores.
 - Quando você fala assim nem parece uma menina sabia?!
 - Eu sou uma menina esperta
- Eu estou notando Srta Evelyn...- A derrubando na grama enquanto lhe fazia cócegas. A menina se contorcia rindo. Até que rolou para longe das mãos e recuperou o fôlego. Richard ria, seu semblante ficava mais leve com o tempo. Hoje em particular, apesar da felicidade aparente, uma aflição o tomava ao ponto da garota poder senti-la.
- Mas, e como você está? Se acertou com a sua esposa? - Richard não mudou o semblante, continuou deitado olhando para o céu.
- Candice está na casa de minha mãe. Ela disse que me perdoava e que como prova de boa fé ela não iria mais implicar com os cachorros.
- Eu desejo que vocês se acertem...
- Sério?
- Eu torço pela sua felicidade, Sr McGold, se vocês conseguissem caminhar aos mesmo ritmo, não haveriam tantas discussões e você seria mais feliz. Por isso eu torço para que vocês consigam encontrar um meio termo, onde um se ajuste ao outro. Isso seria bom...
- E se minha felicidade não estivesse ligada diretamente ao meu casamento?
- Então eu torceria para que você tivesse força e determinação para conquistá-la. Não temos certeza de como será quando fecharmos os olhos para o descanço eterno. Nada podemos levar. Então, qual a lógica em viver em uma miserável vida, seja no meio do lixo ou do luxo, onde sua alma será infeliz? Felicidade Richard... é uma questão de ser, de saber vivê-la... Nada pode comprar... Só você pode conquistá-la. Uma pepita de ouro não faria muita diferença no momento em que estamos agora.
Richard respirou fundo ... Evelyn continuou.
- É uma pena que muitas pessoas se acomodem e desistam de procurá-la, ou que achem que elá está diretamente ligada ao material. Por isso eu desejo que você nunca deixe de tentar conquistá-la...

- Conquistar quem?- Soltou Philippe - A candice largou o senhor? Vocês não são mais casados? Eu posso ir mais uma vez na sua casa?- Os cachorros chegaram correndo atrás de Philippe e pularam em cima de Evelyn e Richard. - Calma, Snow... a gente ah conversando rapaz...
- Mas, Lippe, o nome dele não é Hunter?! - Atalhou Evelyn
- Eve... Ele é branquinho como um floco de neve... Snow é melhor...
- Eu vou te chamar de Snow também, se for por essa lógica. Deixa Hunter, ele já se acostumou a eu chamá-lo assim.
- Ele atende quando eu chamo...

Richard encerrou a discussão, sentou, e pediu para que Philippe e Evelyn se sentassem.
- Eu vou precisar viajar por um tempo...
- Você vai embora? - A pergunta de Philippe soou quase desolada
- Não... Phil, a minha mãe não está bem, eu estou precisando visitar a minha irmã, fazer algumas viagens de trabalho e acertar alguns detalhes da herança. Eu... vou deixar algum dinheiro.
- A gente não quer seu dinheiro! - Bravejou o garoto. Evelyn puxou e abraçou a Philippe. - Você era nosso amigo... você vai embora!
- Eu vou voltar, tudo bem, eu prometo.

Richard realmente queria voltar. Os ultimos meses havias sido completamente diferente de tudo o que vivera. Se perguntava se era sobre isso que eu pai falava, quando você molda o pão, você também acaba sendo moldado por ele. O estilo de vida, o modo de levar a vida que estava aprendendo era algo que nenhum terapeuta poderia implantar em sua mente. Como poucas vezes na vida se entia vivo. Parte do mundo. As palavas de Evelyn ecoavam em sua mente. "Para quê nos foi dado o mundo se não para que o aproveitássemos?! Porque existimos se não para buscar a felicidade?! Faz o que tu queres sem causar mal a ninguem..." era uma liberdade respeitosa. Gostava disso. Pensou que talvez devesse se dar uma segunda chance com sua mulher. Se ela desejasse acompanhá-lo. Talvez ela com o tempo perdesse o preconceito, aprendesse também. Talvez ela também conseguisse ser contagiada pelo perfume daquela rosa. Uma rosa firme e imponente, inabalada, mesmo estando em meio ao pó.

Cerca de dois dias depois Richard McGold viajou. Depois de ter se reconciliado com sua esposa, ter deixado cinco dos cachorros na casa de sua mãe, ter alugado um apartamento simples para Evelyn e Philippe para que ambos tivessem um lugar descente para dormir e deu oficialmente a cada um deles os filhotes. Hunter para Evelyn e Daiana para Philippe. Deu um adeus embalçamado em um volto o mais rápido que conseguir. Sentia-se diante de um outono e pela primeira vez na sua vida não teve medo do inverno. Uma rosa desabrochada em meio a neve lhe lembrava que a primavera sempre iria chegar





Infelizmente, cerca de duas semanas depois da partida de Richard, Evelyn e Philippe precisaram sair do apartamento. O imovel havia sido comprado por um cliente que não desejava utilizá-lo como aluguel, mas, como uma galeria da artista plastica Candice McGold. Os dois voltaram então às ruas. A brincadeira havia acabado e a realidade dizia é hora de dar adeus a fantasia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário