Filha do Sol e da Lua


"Grande Mãe, Senhora que dá toda a vida,
Grande pai, senhor que tudo fortifica,
 Dê-me hoje e todos os dias,
 A força dos Céus, 
A luz do Sol,
 O brilho da Lua,
 A transparência do Ar,
 A clareza do Fogo, 
A profundidade das Águas, 
A estabilidade da Terra,
 A firmeza da rocha, 
que assim seja e assim será!" 




A menina devia ter seus sete anos de idade mas recitava cada verso como se a oração já fisesse parte de seus próprio ser. Sentia-se orgulhosa por ter inserido uma segunda linha, mesmo com tantas observaçãoes sobre o cuidado em alterar os textos sagrados. Era filha de uma deusa e um deus, acreditava que suas orações deveria se dirigir aos dois. Não somente à sua mãe como a maioria das sacerdotisas do templo o fazia. 

Evelyn nunca conheceu um pai ou uma mãe que lhe abraçassem com seus corpos quentes nem que lhe afagasse os cabelos quando deitava-se. Porém, o que poucos da ilha entendiam é que ela sentia o abraço, o afago, demonstrações de carinho que qualquer pai tem por um filho. Ela o sentia quando o vento quente do amanhecer lhe tocava a face. Quando a neblina a envolvia, quando alguns animais se aninhavam próximo. A garota em sua inocência infantil enxergava seus pais de uma forma quase palpável. Suas presenças eram algo tão inquestionável como a existência da própria garota ou de cada pedra que segurava em suas mãos.

Muitas das mais moças, que as vezes inseguras e abaladas em sua fé no desespero da solidão longe do âmbito familiar, se via atônita ao receber uma aula com incrível convicção de uma criança. Era a única criança do templo, já que não se nascem sacerdotisas todos os dias, e principalmente, as que eram enviadas ao sacerdócio por opção e desejos de prestarem seus votos à Deusa já tinham idade de moças. Evelyn gostava de ficar entre as noviças, estas lhe tratavam quase como uma boneca desembaraçando os cabelos,  trançando os fios vermelhos e longos e lhe amarrando as fitas do vestido. A menina era altiva e muitas vezes carecia de ser aquietada por sua precoce iniciativa. Curiosa, tinha bastante atenção e animação aos ensinamentos sobre os poderes mágicos e dádivas da grande mãe. As aulas mais aborrecidas eram as de cálculos cujo aprendizado costumava ser acompanhado de bastantes represálias.

Cabelos de um vermelho vivo incomum, tremulantes como brasa incandescente. A pele rosada e as bochechas avermelhadas, os olhos eram como o céu limpo do meio dia. Um azul claro, cristalino. A menina nascera de fato abençoada pela deusa, diziam. Desde que fora encontrada na floresta dos mais antigos carvalhos, ou como era chamada, a floresta dos troncos cinzentos,  fora criada entre as sacerdotisas e parecia demostrar bastante afinidade com a arte. Sua euforia se fazia notória quando o druida vinha dar-lhe os ensinamentos sobre as artes do deus, e lamentava que suas visitas fossem tão poucas.

Por fim em suas artificies de criança descobrida que nos druidas lecionavam aos jovens guerreiros logo após a nascente do rio. Não era de se estranhar que sua mente infantil traçasse caminhos automaticamente ao saber da noticia. Já havia percorrido aqueles caminhos uma vez, não seria difícil fazê-lo de novo.

Um comentário:

  1. ola passando para ler suas histórias, eu amo

    passa lá o meu cantinho e deixe um recadinho obrigada pela recomendação em seu blog

    http://3fasesdalua.blogspot.com

    bjs

    selma

    ResponderExcluir