Cap Solto: Palavra de sacerdotisa

Uma pequena menina corria pelos campos. Os cabelos dançavam pelo vento de forma displicente, reluzindo nas primeiras horas da manhã. Embaraçavam vez ou outra em galhos acabavam arrastando algumas folhas consigo. A criança respirava fundo com a emoção da fuga, não tinha muito tempo. Mesmo pequena, já havia aprendido a ler o passar do tempo pelo sol. Um aprendizado conseguido a duras penas, com demasiadas represálias de quando descumpria o horário.
Descobrira recentemente que havia um acampamento dos acampamento dos guerreiros próximo ao templo. Ele ficava em algum lugar após o rio, a menina já havia visitado o rio uma vez, certamente encontraria o acampamento com facilidade. Aguardava ansiosamente até chegar o dia em que pudesse sair por algum tempo. Espera essa que, para sua ansiosa e infantil mente, parecia uma eternidade.

Os guerreiros recebiam dos druidas alguns ensinamentos e lições a respeito do grande deus, o senhor da natureza, o sol. Evelyn sabia que o deus assim como a deusa possuía três faces, ouvira as sacerdotisas repetirem algo como "consorte da deusa" mas tampouco sabia o que essa palavra significava. Sabia apenas que eles se amavam e que a conceberam em um ato de amor. Por fim resolveu que estava em falta com seu pai e que iria aprender as lições de ambos em igualdade para não cometer injustiças. Imaginava que ele ficaria triste se ela assim não o fizesse.
O senhor dos animais

Já estava caminhando há algumas horas e não havia encontrado sequer vestígio do acampamento. O barulhos dos animais na floresta lhe assustava, mas ela logo recuperava o folego e retomava o caminho. Conversava ora consigo mesma, ora com seus pais, a procura de alguma direção a seguir. Até que uma mão pousou sobre seu ombro de modo a fazê-la estremecer.

Em um ato reflexivo de uma criança de sete anos cruzando sozinha uma floresta que não conhecia tão bem quanto pensava, Evelyn disparou, correu o mais rápido que pôde. Pulava os tronco e se esgueirava entre as arvores com toda a velocidade que sua pouca idade conseguia lhe propiciar. Depois de ter corrido o suficiente para considerar-se segura, encostou-se em uma arvore e tentou controlar a respiração. Não muito distante de onde estava escutou vozes. Várias vozes de rapazes, ecoavam indistintas de algum lugar próximo.

Silenciosa e cautelosa como uma serpente. Se esgueirando entre o mato para não ser percebida começou a se aproximar do acampamento. Deitou-se sobre um grosso tronco que havia tombado, ideal para dar-lhe cobertura.
- Você não deveria estar aqui... - A menina quase deu um pulo com o susto outra vez. A voz vinha de um menino, tinha cerda de dez anos e estava sentado no tronco da arvore.
- Você assustou, não é certo assustar as pessoas, Sabia!?
- Você me parecia perdida na floresta. Vamos vou leva-la de volta a vila. Seus pais devem estar preocupados.
- Eu não sou da vila. Eu sou uma sacerdotisa da deusa! - Bradou com orgulho
- Então é melhor que volte, ou a Senhora do lago vai ficar irritada.)
- Mas... mas.. eu não posso ir embora agora... - A voz da menina soava angustiada, mas os olhos lacrimosos não pareceram abalar o menino a sua frente.
- Mas aqui não é lugarpara meninas!
- É que... eu queria saber sobre o meu pai - Resmungou franzindo do cenho.
- Seu pai? Ele é um guerreiro?
- Não, não. Ele é o deus. A Sumo me disse que eu fui gerada no grande casamento. Quando o Deus e a Deusa participaram do Beltane e se encontraram em um graaaande ato de amor. - A menina gessticulava abrindo os braços num semi circulo com para enfatizar a ultima frase. O menino riu enquanto fazia uma careta.
- Não é para rir! Eu to falando séerrio...
- É que você parece meu irmão.
O sembrante aflito da menina se transformou em uma curiosidade ativa em um segundo
- Quem é seu irmão?
- Desculpe senhora - Acentuada a voz tantas vezes ensaiada - Meu nome é Gawaine Pendraco, irmão de Ilien, o bardo da harpa de ouro. - Ensaiando um cumprimento - E sua graça?
- Evelyn, da Ilha de Avalon. - E curvou-se, como tantas vezes Ninive a fizera repetir o gesto
- Sgora vamos, você precisa voltar
- Nãaaaaao! Eu preciso conhecer sobre o meu pai. O deus, conote da deusa...
- Não é consorte, não?!
- Isso mesmo! É ele... O que é consorte?
- O Ilien me disse que consorte é quem divide a vida com a outra pessoa. Quem compartinha do destino dela, é só reparar, ó: Com-sorte, com a sorte, com o detino.
- Intendi! Intendi! - E parou refletindo no significado - Nossa, que lindo... Deve ser legal ter um consodi...
- É Consorte. Pronto, agora vamos!
- Nãaaaao. Já sei, já sei. Vamos fazer um trato...
O garoto respirou fundo - Fale...
- Eu fico de longe, escondidinha. Ai quando os druidas acabarem as lições de hoje eu volto pro templo. Ai você nem vai ter que se preocupar comigo. Palavra de sacerdotisa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário